Ao lado da pista onde correm os monopostos da Fórmula Indy, o Anhembi teve uma disputa inédita no mundo durante o AutoEsporte Exposhow. De um lado, o Nanico, um projeto 100% brasileiro de minicarro urbano. Do outro, um clássico esportivo, o Chevrolet Corvette.
O Nanico tem 1,90 metro de comprimento e foi criado pelo designer autodidata Caio Strumiello. Um motor de 125cc, herdado de um scooter, rende 12 cavalos de potência e empurra o carrinho de 242 kg até 80 km/h, mas obviamente velocidade não é seu forte.
Além de ser pequeno, ele é econômico, com consumo médio de 30 km/l. O tanque guarda até 4 litros de gasolina, o que permite uma autonomia de cerca de 120 km. Atualmente, versões a gasolina ou a gás natural (GNV) são produzidas artesanalmente em São Paulo, por um preço de R$ 15 mil e R$ 18 mil, respectivamente.
Já o Corvette é impulsionado por um V8 de 6.2 litros, que rende 500 cv e leva o modelo a atingir velocidades superiores a 300 km/h. Embora não possa tirar tudo do carro, o visitante do AutoEsporte Exposhow pode ter um gostinho do potencial em um teste no Anhembi, por R$ 199,99 – outros modelos também estão à disposição, como Mustang, Dodge Challenger e Camaro.
O Nanico Car chamou a atenção do físico Paulo Roberto, que se tornou sócio de Strumiello para desenvolver uma versão elétrica. Os dois esperam parceiros para produção em grande escala. Segundo Roberto, a empresa já tem cerca de 100 encomendas pelo veículo, que será movido inicialmente por motor de 7,5 kW e bateria importados da China.
O pequeno carro custaria atualmente de R$ 27 mil a R$ 30 mil, mas os desenvolvedores esperam incentivos do governo federal – até agora apenas híbridos tiveram imposto reduzido. Para Roberto, com a possível desoneração, o veículo para 2 duas pessoas cairia para R$ 20 mil, possibilitando a produção no próximo ano.
A ideia é fornecer um kit de painel solar ao comprador para instalação em casa, assim ele não terá mais gasto com combustível. De acordo com a Nanico, uma recarga levará até 5 horas e permitirá deslocamento de até 80 km. Para atender a legislação, ele terá freios ABS e airbag.
Na briga entre Davi e Golias, o Nanico ficou para trás em praticamente todos os quesitos. A posição de dirigir não é ideal e o conforto na cabine é mínimo – ainda mais em duas pessoas. No entanto, no quesito mobilidade e sustentabilidade, “Davi” venceu. Cerca de 2 metros são suficientes para manobrar e ele cabe em qualquer vaga.
Além disso, seja a gasolina, GNV ou eletricidade, o Nanico consome muito menos que o Corvette e é uma proposta “verde” para metrópoles como São Paulo. Se toda a frota da capital paulista fosse de Nanicos, imagine como seria o trânsito.